Hoje no sítio do jornal Público:
China e Índia pressionam mercado energético
Petróleo: agência de energia revê procura em baixa e mantém instabilidade de preços
01.07.2008 - 15h12
Por Lusa
A Agência Internacional da Energia (AIE) reviu hoje em baixa as expectativas relativas à procura mundial de petróleo nos próximos cinco anos, mas avisou que tal não vai impedir que o mercado se mantenha sob tensão.
Na sua informação anual de previsões de médio prazo, a AIE prevê que o abrandamento da economia causará um menor crescimento do que esperado tanto para este ano como para o próximo, e que tal coincidirá com um leve aumento das capacidades de extracção de crude, que variará entre os 1,5 e os 2,5 milhões de barris diários até 2010.
No entanto, a AIE prevê uma nova diminuição deste volume a partir de 2010, que se situará em valores mínimos inferiores a um milhão de barris diários de crescimento em cada um dos anos seguintes, precisamente quando se espera uma nova aceleração do consumo.
Consequência do anterior, a margem excedentária de produção aumentará até o tecto de 4,2 milhões de barris diários em 2009 antes de baixar para níveis mínimos, por volta de um milhão de barris, se não forem postos em marcha projectos de exploração adicional.
A AIE sublinha que os preços elevados do petróleo se justificam pelas condições fundamentais do mercado e refuta o argumento de quem pretende explica-los por movimentos especulativos.
A especulação - argumentam os autores do estudo - pode pesar na cotação pontual do crude, mas não se pode manter durante um largo período de tempo sem a existência de "evidentes desequilíbrios", e a avaliação actual das reservas físicas prova que não tem havido uma acumulação de reservas com fins especulativos.
As causas da escalada dos preços estão na margem estreita que há entre a oferta e a procura, nas limitações das capacidades de refinação e num consumo particularmente forte de um número reduzido de derivados do petróleo, em particular dos destilados médios.
A AIE afirma ainda que a evolução dos preços tem em boa parte a ver com os resultados limitados dos produtores que não pertencem à Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) no aumento da oferta de crude, uma tendência que deverá manter-se nos cinco próximos anos.
Para o futuro, a AIE, que reúne os principais países consumidores de energia membros da OCDE, calcula que a procura mundial de crude aumentará a um ritmo médio de 1,6 por cento entre 2008 e 2013, o que significa que este último ano vai situar-se nos 94,14 milhões de barris por dia.
Cerca de 90 por cento deste aumento virá de três regiões - Ásia, Médio Oriente e América do Sul - e são a China e a Índia representam quase a metade. Por seu lado o consumo dos países desenvolvidos vai manter-se praticamente inalterado.
A divergência na evolução de uns e outros países acabará por traduzir-se no horizonte de 2015, num consumo total de crude nos países emergentes praticamente a par das "economias maduras".
Os autores do estudo sublinham que os biocombustíveis manterão um crescimento significativo e passarão do equivalente de 1,35 milhões de barris diários este ano para 1,95 milhões em 2013.
Esta frase As causas da escalada dos preços estão na margem estreita que há entre a oferta e a procura, nas limitações das capacidades de refinação e num consumo particularmente forte de um número reduzido de derivados do petróleo, em particular dos destilados médios diz tudo sobre a realidade do problema. O petróleo é um recurso finito, muito versátil, útil e raro na natureza. A extracção é cara e cada vez mais difícil. Quanto mais as economias crescem maior é a dependência em relação a ele. Milagres não há!
Só uma redução drástica no seu consumo poderá inverter a tendência suicida da economia mundial.
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