terça-feira, 8 de julho de 2008
G8
Notícia do jornal Público
Solicitada reavaliação de moedas emergentes
G8 pede aumento rápido da produção de petróleo
08.07.2008 - 08h54 Lusa, PÚBLICO
Os dirigentes do G8 pediram hoje aos países produtores de petróleo para aumentarem “a curto prazo” as capacidades de produção e refinação, de modo a travarem a escalada dos preços nos mercados mundiais.
“Estamos muito preocupados com os aumentos do preço do petróleo, que criou riscos para a economia mundial. São necessários esforços concertados para resolver as causas subjacentes para benefício de todos”, afirmam num comunicado os chefes de Estado e de governo dos países mais industrializados do mundo, reunidos em Toyako, no Japão, desde segunda-feira.
Depois de vários dias instalados em hotéis de luxo, muito provavelmente a ingerirem pesadas refeições compostas por produtos alimentares exóticos e de primeira categoria, os senhores do G8 pedem um aumento da produção de petróleo. Está correcto, pois se boa parte da humanidade seguisse o seu exemplo, ficando hospedado em hotéis de luxo e comendo grandes refeições, nem 200 milhões barris de petróleo produzidos por dia chegariam para satisfazer as necessidades (actualmente produzem-se cerca de 85 milhões).
O grande problema é que o petróleo não se produz à semelhança dos automóveis. Não existem “fábricas de petróleo” e portanto, o aumento da disponibilidade deste hidrocarboneto no mercado não se faz com uma simples ordem de abrir mais a “torneira da fábrica”. Este recurso é extraído do subsolo e o volume que se obtém está dependente de uma enorme quantidade de variáveis. Outro problema é o facto do petróleo ser um recurso finito e tendo por base o conhecimento do volume já extraído, da velocidade de extracção actual, e da natureza geológica do nosso planeta, é bem provável que o limite de extracção diária deste recurso esteja muito próximo do seu máximo. Em poucas palavras, o pico de extracção (ou “peak oil”) está prestes a ser atingido. Esta é uma tese sustentada por inúmeros especialistas, embora o debate acerca do momento em que este pico possa ocorrer seja ainda alvo de algumas incertezas temporais.
Os senhores do G8 sabem que para manter um padrão de vida ao estilo ocidental rico só é possível graças à disponibilidade de grandes quantidades de petróleo (e de outros recursos materiais). A energia contida neste recurso é formidável! Qualquer ser humano com um rendimento médio de um alemão ou de um luxemburguês, comodamente instalado num hotel em Basileia, consegue tomar um pequeno-almoço recheado com caviar russo e ir jantar lagosta suada, no mesmo dia, num restaurante de luxo em Auckland, na Nova Zelândia!
Isto tudo graças a quê? Aos aviões supersónicos muito desenvolvidos tecnologicamente mas movidos a querosene que é um derivado do petróleo!
Não há milagres! É bom que a humanidade se convença disso. Uma vez atingido o pico de extracção o petróleo começará a rarear nos mercados e o seu preço subirá exponencialmente, porque a lei da oferta e da procura é inultrapassável.
Só há uma solução: diminuir o consumo. A diminuição do consumo passa por muitas medidas, como por exemplo a reciclagem de produtos derivados do petróleo (são tantos!), ou a implementação de meios de transporte colectivos movidos a energia eléctrica (não produzida a partir da queima de hidrocarbonetos). As cidades têm que se organizar para evitar a presença constante de engarrafamentos diários que consomem elevadíssimas quantidades de combustíveis fósseis. As nossas cidades estão a anos-luz de serem sustentáveis. Estamos à espera de quê?
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