Segundo Pacheco Pereira in Abrupto:
"Como é que estão as escolas? Mal, com uma crise de autoridade do Ministério e bloqueadas. Saíram de uma e não estão dispostas a entrar em nenhuma outra. As ruínas da política do primeiro mandato de Sócrates ainda fumegam e cada um faz pela vida no meio dos destroços. Conseguir dar à educação uma política coerente tornou-se uma tarefa impossível para os próximos anos.
Como é que está a justiça? Pelas ruas, melhor, pelas avenidas da amargura. É o problema singular mais difícil de resolver que hoje temos, ainda mais difícil do que o da competitividade da economia. Na economia ainda há áreas de excelência rodeadas de crise por todo o lado. Na justiça entrou-se num pântano de descrédito muito semelhante ao que atravessa a política.
Como é que estão os campos? Ao abandono, ou produzindo apenas culturas subsidiadas. Há excepções, mas confirmam a regra. No entanto, o potencial está lá intacto, o que no meio desta desgraça ainda permite esperança porque a agricultura é estratégica numa crise.
Como é que estão as fábricas? Cada vez menos e cada vez mais paradas, cada vez mais a palavra designa apenas edifícios e cada vez menos um local onde se trabalha, cada vez mais as fábricas pertencem em Portugal ao domínio da arqueologia industrial.
Como é que está o emprego? Tragicamente mal. E vai continuar ainda mais tragicamente mal, mesmo que deixe de crescer como até agora, porque à medida que o tempo passa acaba os subsídios. Então aí é que a crise ameaça passar para as ruas.
Como é que está a economia? Paralisada e estagnada. Endividada e perdendo competitividade. Mas como uma parte da economia ainda escapa à mão do governo, ainda há oportunidades e há quem as esteja a usar. No meio deste descalabro, não é o pior.
Como é que está a natalidade, um indicador de futuro? Olhe-se para a Pordata, a base de dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos, e olhe-se para os indicadores dinâmicos da população e da natalidade e parece que um bloco de gelo pousou nos números. Em baixo voam os números da despesa…
Como é que está a corrupção? A fazer um upgrade.
Como é que está o governo? Bloqueado e sem saber o que fazer
Como é que estão os portugueses? Sem esperança, cansados, e zangados com os políticos.
Como é que está o Primeiro-ministro? Impante de optimismo e feliz consigo próprio.
Como é que está o PS? Perplexo, percebendo que vem aí tempestade da grossa, mas agarrado ao poder. Alguma coisa tem que mudar.
Como é que e está a oposição? Perplexa, percebendo que vem aí tempestade da grossa, mas sem saber o que fazer. Alguma coisa tem que mudar.
Como é que estão os bons? Mal.
Como é que estão os maus? Bem."
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