quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Situação de bloqueio atmosférico
Aqui está a tradução, em imagem de modelo meteorológico, da situação atmosférica que se tem vivido nos últimos dias na Europa Ocidental. A imagem representa a circulação atmosférica referente à pressão de 500 hpa que corresponde em média a cerca de 5500 m de altitude. Na figura vê-se que as Ilhas Britânicas estão fora da influência da corrente perturbada de oeste, estando a ser influenciadas por uma massa de ar frio, oriunda de NE, com alguma instabilidade (ocorrência de nevões). A corrente perturbada de oeste está, pelo contrário, a afectar a Península Ibérica trazendo o tempo húmido a estas latitudes. O extraordinário desta situação está relacionada com a sua persistência ao longo de semanas. Uma verdadeira anomalia, tendo por base os registos existentes ao longo de mais de 10 anos. Todavia, segundo os especialistas, estas variações do estado do tempo estão dentro da variabilidade natural do sistema climático. Os modelos de previsão apontam para um regresso à normalidade a partir do dia de Natal. Provavelmente muitos dos passageiros retidos nos aeroportos mais movimentados da Europa teráo que passar a noite de Natal ao lado dos balcões de "check-in".
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Público - Aprendemos como o mercado condiciona a vida política
Não se trata de uma nova lição. Talvez seja uma lição antiga que ainda não foi aprendida pelos Governos. E está por saber se haverá força política para obstar ao poder do dinheiro.
Em traços grossos, a lição retira-se do desmantelamento da regulamentação dos mercados financeiros. Sem baias, a propensão do sector financeiro foi para, em enxame, apostar em produtos financeiros sem cobertura de activos. A miragem de lucros exponenciais funcionou até que se quebrou um dos elos - os empréstimos subprime. A "bolha" rebentou, as instituições financeiras ficaram com os balanços a descoberto e alguns Estados foram chamados a financiar os "buracos" para evitar o contágio à economia real. Mas o aperto geral do crédito repercutiu-se em recessão. Os Estados endividaram-se nos mercados financeiros de dívida pública, alguns foram forçados a programas de austeridade e acabaram na mão das agências de rating, financiadas pelo próprio sector financeiro. Pelo caminho, os pobres foram ficando mais pobres e os ricos mais ricos.
Algo assim aconteceu no início do século XX. Aconteceu no início do século XXI. E nada está a mudar.
Leia-se o Prémio Nobel da Economia Paul Krugman - em particular o seu livro A Consciência de um Liberal. A seguir à Grande Depressão, as políticas do New Deal teceram a regulamentação que limitou um sector egoísta e despreocupado. Preveniu-se a corrida aos balcões dos bancos que pulverizara poupanças privadas e sugado milhões para a pobreza. As bases da Segurança Social nasceram aí. Os salários cresceram e a sociedade tornou-se mais equilibrada e feliz. Os partidos Democrata e Republicano aproximaram-se, porque os segundos já não queriam destruir o New Deal.
A crise actual nasceu quase de uma "vingança" política, com a motivação do dinheiro. Os republicanos - imbuídos da ideia de auto-regulação do mercado asfixiada pelo peso regulador do Estado - desmantelaram, no último quarto do século XX, o edifício legal do New Deal e fragilizaram o papel do Estado. O sistema financeiro dependeu cada vez mais de paraísos fiscais, balcões-"biombos", contabilidades dúbias, produtos financeiros sem cobertura de activos reais, multiplicados sem fim em sistema de apostas. O entrosamento dos bancos e seguradoras com o poder político, autoridades monetárias e economistas optimistas, todos embriagados com os milhões que ilusoriamente insuflavam a riqueza dos países, viabilizaram a nova desordem social.
E tudo se agravou quando a música parou em 2007. Os empréstimos sub-prime detonaram a crise. Apanhadas em contra-pé, as instituições exigiram socorro pelos Estados. Aprovaram-se pacotes de ajuda. Mais tarde, ouvido pelo Congresso, Alan Greenspan, que esteve à frente do board da Reserva Federal (banco central) de 1987 a 2006, que sempre defendeu a desregulamentação convencido da capacidade dos accionistas de proteger os interesses de longo prazo das firmas, que poderia ter impedido esse tipo de produtos e empréstimos e que nada assinalou, foi exemplar ao afirmar: "Ainda não percebi bem por que é que isto aconteceu. (...) Descobri uma falha no meu modelo ideológico".
O fecho da firma Lehman Brothers a 15 de Setembro de 2008 espalhou a crise pelo continente europeu. A Alemanha impôs que a salvação das instituições seria paga por cada Estado, indiciando um desprendimento que viria a fragilizar países do euro.
Os cidadãos europeus assistiam à sucessão de fechos como um imenso tsunami a progredir em câmara lenta, mas descrentes que chegasse à sua praia. Governos - como o português - ajudaram à ilusão de que a maré não atingiria a costa. Mas chegou.
Em Janeiro de 2009, os números do desemprego explodiram. Aprovaram-se apoios aos desempregados, às empresas. Mas mesmo quando a administração fiscal já alertava para a quebra de receitas em larga escala, o Governo negou o evidente até às eleições de Setembro. Um défice superior a 7 por cento do PIB em 2010 chamou a atenção.
Foi nesse período que se abriu a crise grega. O Governo Papandreoudenunciou o anterior: as contas orçamentais tinham sido marteladas e o défice era bem superior. Os mercados pressionaram nos primeiros meses de 2010 e em Maio foi aprovada a ajuda comunitária à Grécia. No dia seguinte, em ambiente de crise, o Governo de Portugal aprovou o seu PEC2.
As agências de rating aproveitaram o efeito de contágio da crise grega, da irlandesa e voltaram-se para Portugal. Exigiram medidas abruptas que serviram de pretexto para baixar o rating do país. Adoptadas no PEC3 e insensíveis à degradação orçamental que ajudaram a criar, argumentaram que as medidas eram recessivas e que Portugal teria então piores condições para cumprir as metas. E baixaram o rating. As taxas de juro da dívida pública galgaram diante de um Governo impotente. O limiar de insustentabilidade da dívida aproximou-se velozmente e arrastou para a discussão pública o regresso do FMI e, a prazo, a "purificação" do euro.
O preço será caro, sobretudo para os mais pobres. Mas desde 2008 - seja por falta de coragem, seja para não agravar a crise da banca - ficou por concretizar uma regulação séria do sector financeiro.
Inverno severo na Europa (e não só!)
Fotógafo:David Moir/Reuters, extraído de:http://www.guardian.co.uk/uk/gallery/2010/dec/19/weather?intcmp=239
Visit msnbc.com for breaking news, world news, and news about the economy
No Reino Unido:
“A band of heavy snow has pushed east across southwest England this morning, widely giving accumulations in the range of 10 to 20 cm, leading to widespread transport disruption. Southern parts of Wales and other southern parts of England are expected to see outbreaks of snow through Monday afternoon with significant accumulations in places.” in http://www.metoffice.gov.uk/weather/uk/uk_forecast_weather.html
"The Temp lows in Britain
Loch Glascarnoch (Scotland) : -17.2º C
Norwich (England) : -14.4º C
Tredegar (Wales) : -10.2º C"
“For the first 15 days of this month, the average has been -0.7C. So far this month there have been five nights in Edinburgh when the mercury dropped below -10C, once hitting -16C. On December 7, the maximum temperature reached in the daytime there was -8C,” a report said.
“In Manchester and London, 11 out of 16 nights were below freezing, the coldest in Manchester -12C and in London -5C.”
Na Europa continental:
"In Paris, Charles de Gaulle’s air traffic was cut by about 50 percent as heavy snow blanketed the French capital. At Amsterdam’s Schiphol airport there were many cancellations and long delays.
At Frankfurt airport, Germany’s busiest, nearly half of the planned total of 1,350 flights, departures and arrivals, were canceled Sunday.
Heavy snowfall covered much of Scandinavia, where temperatures dipped to -22ºC (-8ºF).
Heavy snow and ice storms affected as far south as Italy. Tuscany was blanketed in several inches of snow, forcing the closure of Florence’s airport on Sunday." in http://feww.wordpress.com/2010/12/19/europe-freezing-to-death/
Ora bem, uma questão pertinente se pode colocar: se o planeta Terra está a atravessar um período de aquecimento global então, por que razão, os últimos invernos no hemisfério norte, têm sido tão rigorosos? Aparentemente existe aqui uma contradição: o aquecimento global não parece estar sempre a resultar em invernos mais amenos.
O sistema climático da Terra é muito complexo porque resulta de um elevado número de variáveis difíceis de quantificar e de relacionar entre si. Os modelos de previsão das alterações climáticas têm um elevado grau de incerteza. Esta incerteza é essencialmente devida a três factores: à variabilidade climática natural, ao grau de incerteza dos modelos de previsão e à incerteza da quantidade futura de emissão de gases com efeito de estufa (os GHG- Green House Gases, na língua inglesa). As condições climáticas extremas que têm sido registadas neste fim de Outono na Europa poderão apenas estar relacionadas com fenómenos de variabilidade climática natural. O clima é naturalmente caótico e, por vezes, situações climatéricas extremas como as que têm sido ultimamente registadas a Europa ocidental poderão ser apenas um resultado desse “caos natural”. Curiosamente, olhando com atenção para as cartas meteorológicas das últimas semanas, fica-se com a sensação de que a corrente atmosférica perturbada de oeste deixou de funcionar em pleno. Será que o “motor” desta corrente atmosférica, a corrente oceânica do golfo “gulf stream”, enfraqueceu por algum motivo ainda não identificado? Ou serão estas oscilações pontuais do clima provocadas por variações na radiação solar? A incerteza é grande. O que é certo é que uma diminuição nas temperaturas pode lançar o caos nas nossas sociedades, como se tem visto com a paralisação dos principais aeroportos europeus. A moral é esta: dependemos muito de uma estabilidade fictícia da natureza que é, em si mesmo, caótica e imprevisível. Adaptação é a palavra-chave!
domingo, 19 de dezembro de 2010
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Europa a 9 de Dezembro de 2010
Quando duas massas de ar com características muito diferentes de temperatura e humidade se juntam...
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Vermelho vivo!
Em período de solstício de inverno uma pausa no mau tempo permite uma imagem assim (Lisboa, Alameda Pedro Nunes, Faculdade de Ciências)
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
domingo, 5 de dezembro de 2010
De ar frio polar para ar tropical húmido
A instabilidade do tempo atmosférico é mesmo isto: há menos de 24 horas, no litoral ocidental português, ainda se registavam temperaturas da ordem dos 4 a 6 ºC. Com a mudança de massa de ar as temperaturas subiram para os 18º C! Será que após isto regressa o tempo seco (muito ou pouco frio)?
Este Outono-Inverno parece estar a ser marcado por alterações bruscas nas massas de ar.
sábado, 20 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
domingo, 24 de outubro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Outono
Dias de sol, atrás de dias de sol. São uma boa ajuda para contrariar o clima depressivo induzido pela nossa baixíssima classe política.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
domingo, 10 de outubro de 2010
Universidade de Lisboa vai fazer 100 anos. Faltam 30 milhões de euros para um novo museu de ciência em Lisboa
Notícia do jornal Público de 10.10.2010
Por Alexandra Prado Coelho
A Universidade de Lisboa (UL) quer criar um importante pólo museológico, reunindo grande parte das suas colecções científicas, no que são hoje os Museus da Politécnica. O centenário da universidade - que se assinala em 2011, mas cujo programa de comemorações é anunciado oficialmente amanhã, na abertura do ano académico - seria o momento ideal para lançar esse projecto. Para o concretizar falta essencialmente uma coisa, segundo o reitor António Sampaio da Nóvoa: trinta milhões de euros para o investimento inicial.
Cem anos é uma idade respeitável, e a UL quer aproveitá-la para recuperar muito da sua história e da sua memória na cidade. "Queremos mostrar como a Universidade esteve ligada à cidade desde o século XIII. Há um património vastíssimo do ponto de vista dos edifícios, que as pessoas conhecem mal", explica António Nóvoa. Neste momento está já a fazer-se o registo deste património e a planear-se percursos pela cidade para o quem quiser conhecer melhor.
Para além dos edifícios, existem as colecções, que também estão a ser inventariadas. "Gostaríamos de publicar um livro sobre elas e aproveitar este balanço para revalorizar a dimensão museológica da Universidade e conseguir construir pelo menos um grande pólo museológico nos actuais Museus da Politécnica, e um segundo pólo mais centrado nas questões da saúde no edifício histórico do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana", diz Nóvoa.
A discussão sobre o projecto já foi lançada - e tem estado rodeada de alguma polémica. O reitor pediu um parecer a um grupo internacional de peritos presidido por Rosalia Vargas, presidente da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, e uma das recomendações foi a de fundir os dois principais museus da Politécnica, sob o nome de Museu Nacional de História Natural. Uma hipótese que implicaria o "desaparecimento" do actual Museu da Ciência com este nome e a integração das suas colecções no novo museu.
Apresentado no final de Junho numa sessão pública, o relatório foi alvo de muitas críticas por parte de pessoas ligadas à comunidade museológica e científica, que viam com preocupação essa diluição do Museu da Ciência. António Nóvoa prefere salientar os pontos mais consensuais. "O debate foi muito conclusivo em relação à necessidade de requalificação de todo aquele espaço." Até porque, sublinha, "a situação que se vive actualmente [nos Museus da Politécnica] é impensável, quase do domínio do degradante."
"Ter um olhar nacional"
É preciso melhorar, portanto. "Criou-se um movimento genuíno para a requalificação daquele espaço e isso é muito importante porque havia gente, dentro e fora da universidade, com uma atitude muito conservadora. O discurso de que é preciso proteger é muito importante, mas a protecção sem alternativas leva à decadência. Se não se fizer nada as coisas vão desaparecendo e um dia alguém fecha a porta porque já não há nada para proteger."
Mas, como reitor da UL, é sensível às preocupações manifestadas em relação ao futuro do Museu da Ciência? "Sou extraordinariamente sensível a isso, mas julgo que temos que ser inteligentes e audazes. Todos reconhecemos que Portugal tem museus a mais. Acho que a Universidade não deve reproduzir essa lógica. Temos que perceber como é que se consegue preservar o trabalho de grande qualidade que se faz no Museu da Ciência. Mas sabemos que há outras universidades que também têm planos para fazer museus da Ciência e da Técnica. Temos que olhar para isto do ponto de vista do país e não dos interesses locais. Um dos problemas de Portugal - e isto é verdade para os museus como para as universidades - é que temos um olhar muito local." Aponta para uma cadeira vazia à sua frente. "Achamos que esta cadeira é muito importante e que temos que a preservar e depois desconhecemos que há duas mil cadeiras destas espalhadas pelo país. A preservação e divulgação das colecções têm que ter um contexto nacional."
Uma segunda conclusão do debate, na leitura do reitor, foi a de que "é preciso haver um projecto integrado para aquele espaço". Ou seja, "a ideia de que há um Museu de História Natural e um Museu da Ciência e um Jardim Botânico e mais um museu disto e daquilo, é impensável. A certa altura é uma coisa completamente balcanizada, que não tem leitura para o visitante, não tem capacidade de gestão integrada e sobretudo não tem nenhuma contemporaneidade do ponto de vista do que é um projecto museológico."Por fim, parece ser pacífica a ideia de que é importante que aquele espaço se abra à cidade. A Câmara Municipal de Lisboa lançou um concurso de ideias para a zona que vai do Parque Mayer, junto à Avenida da Liberdade, até à Rua da Escola Politécnica, e a proposta vencedora foi do arquitecto Manuel Aires Mateus. Até que ponto os planos para o pólo museológico da UL estão dependentes de este projecto avançar ou não?
O projecto "não intervém" directamente sobre o património da Universidade (Museus da Politécnica e vários outros edifícios que os rodeiam), explica o reitor. Com duas pequenas excepções: "a requalificação das casotas que existem à volta do Picadeiro, mas que correspondem a um espaço mínimo", e "a possibilidade de, no prolongamento da alameda das palmeiras, fazer um edifício que crie uma ligação com o parque de estacionamento em baixo". Esta última solução ajudaria a resolver aquele que é um dos principais problemas dos Museus da Politécnica: os acessos.
Mas se para todas estas questões em aberto - e que deverão ser resolvidas por uma comissão instaladora a criar em breve - António Nóvoa acredita que serão encontradas soluções relativamente consensuais, há um outro problema que o reitor considera o mais complicado: a falta de dinheiro. "O grande problema vai ser arranjar os fundos para investir a sério naquele espaço."
Para manter os museus a funcionar como estão actualmente - num "estado de sobrevivência" - a UL gasta anualmente três milhões de euros. "É uma verba que, para um orçamento como o nosso, é muito significativa. Retiramos um bocadinho a Direito, outro a Medicina, outro a Letras... Não temos tido apoio de ninguém. O Jardim Botânico custa fortunas em água e nunca tivemos qualquer apoio. Estamos sozinhos nesta batalha."
Apesar disso, Nóvoa acredita que a UL poderá continuar a dispor dessa soma todos os anos e que ela será suficiente para assegurar o funcionamento do novo museu, juntamente com algumas receitas próprias que este viesse a gerar e uma ou outra loja que abrisse no local. Mas deixa uma crítica: "Há uma forma de financiamento das universidades em Portugal que não considera o património nem os museus, contrariamente ao que acontece em países como o Reino Unido. E isso obviamente penaliza as universidades mais antigas, em primeiro lugar Coimbra, com todo o património histórico que tem que cuidar, mas também a UL."
Quanto aos trinta milhões, a Universidade põe a hipótese de "recorrer a empréstimos, associar outras entidades, fundações, a câmara municipal, o Governo, e ir buscar alguns fundos europeus, embora isso seja muito difícil no caso de Lisboa". Mas "tudo isto é curto", lamenta o reitor. "O plano de sustentabilidade de um museu a sério consegue-se. O nosso grande problema é onde vamos encontrar os trinta milhões."
Comentário:
Ao ler o texto sente-se as dificuldades que existem em formar um só museu que agregue a história natural e a ciência.
sábado, 9 de outubro de 2010
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Só neste país
O ambiente de trabalho deteriorou-se, o desalento invade tudo, a indefinição do futuro aumenta e, por fim, o nevoeiro adensa-se. Por isso: Só neste país é que se diz "só neste país". Estaremos adiados até quando?
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Choque entre duas massa de ar diferentes
A separar duas massas de ar (uma tropical e outra polar) existe uma superfície frontal. No caso da imagem o "caracol de nuvens", ao largo da Irlanda, representa uma baixa pressão muito cavada resultante a progressão para norte de uma massa de ar tropical húmido. Ao largo de Portugal Continental desenvolve-se uma frente fria que trará chuva abundante para amanhã. Se o sector da massa polar com instabilidade nos atingir seremos nos próximos dias "regados" com aguaceiros fortes. Depois o ar ficará mais limpo e a semana que vem será certamente mais calma, isto se o Anticiclone dos Açores recuperar a sua posição que tinha anteriormente.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Mais uma tempestade em vista
Ventos fortes e chuva, devido aos efeitos associados a uma baixa pressão muito cavada cujo núcleo se aproximará de Portugal Continental entre 6ª feira e Domingo próximos.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Do blog "Ladrão de Bicicletas"
De José M. Castro Caldas
Dizer da contenção orçamental acelerada que ela encerra o risco de nova recessão, de aumento das desigualdades e de asfixia do estado social, sendo verdade, é uma caracterização enganadora das políticas de austeridade recessiva. A questão não é apenas “o risco” que elas encerram mas antes a sua intenção. As políticas de contenção orçamental acelerada pretendem precisamente gerar efeitos recessivos, aumentar as desigualdades e asfixiar o Estado social. Pretendem e provavelmente conseguem.
Qual é a lógica? Induzir a descida dos salários em termos nominais e reais, para reduzir o consumo, o preço dos bens e serviços de exportação e atrair capitais. Supõem que se isto acontecesse o desequilíbrio da balança de bens e serviços seria corrigido, as necessidades de financiamento externo diminuiriam, obtendo-se deste modo o que a desvalorização cambial que deixou de ser possível permitia alcançar no passado.
A descida dos salários pretendida não é apenas a dos salários da administração pública. Essa descida pode ser obtida por decreto. Já a outra, a do sector privado, é mais difícil. Mas pode ser conseguida com a influência que as decisões salariais na administração pública têm no sector privado, com mais desemprego, uma menor duração e montante das prestações sociais de apoio aos desempregados e a retirada de outros apoios sociais. Com mais desemprego e menos protecção os trabalhadores seriam obrigados a aceitar trabalhar por menos dinheiro. A isto chamam eles com enorme desfaçatez “políticas que tornam o trabalho compensador”.
Para alcançar os seus objectivos a contenção orçamental acelerada deve ao mesmo tempo acentuar as desigualdades. A factura do “ajustamento” orçamental não pode ser paga pelos rendimentos de capital, porque, supõe-se, isso assustaria os capitais que se pretendem seduzir e espantá-los-ia para outras paragens.
Além disso, o Estado social que se supõe insustentável em termos financeiros deve ser emagrecido, sobretudo no sector da saúde e das pensões. A prestação de cuidados de saúde e as pensões devem degradar-se para que floresçam mercados novos e novas oportunidades para os fundos de investimento e as companhias seguradoras em sectores relativamente protegidos da concorrência.
A estranha noção de que a recessão pode ser remédio está para a Economia como o uso de sangrias e sanguessugas está para a Medicina. Baseia-se numa pseudo-ciência económica que vigorou antes da Grande Depressão, foi varrida do mapa depois dela, e renasceu com novas roupagens na década de 1980 do século XX. Essa Economia da idade das trevas cultiva as abstracções e os pressupostos irrealistas e recusa-se a aprender com a experiência.
Foi precisamente a experiência da Grande Depressão que fez compreender que a lógica da austeridade recessiva está errada. A descida dos salários numa só empresa ou num só país pode permitir a esse país (ou empresa) recuperar o equilíbrio vendendo bens e serviços mais baratos. Mas a mesma descida de salários não tem qualquer efeito nas contas externas do país ou no balanço da empresa, ou tem efeitos contrários aos desejados, quando é realizada em simultâneo por todos. Para onde exportar quando todos recorrem em simultâneo a estratégias recessivas como actualmente ocorre na União Europeia? A esta não-correspondência entre o que se passa nos níveis micro e macro da economia veio a chamar-se a “falácia da composição”.
A Economia da idade das trevas pressupõe também que menores salários podem atrair mais capitais. A experiencia mostra, pelo contrário, que os custos salariais, não são de há muito o factor de competitividade que os capitais, pelo menos os capitais que nos interessa atrair, procuram. Os capitais que procuram baixos salários têm muito para onde ir que não a Europa.
As benesses fiscais, pelo contrário, são importantes para os capitais móveis. Mas por um efeito de composição semelhante ao dos baixos salários são inúteis quando todos os Estados recorrem a elas num stip tease social indecoroso como o que actualmente decorre.
Por outro lado, o estado social é sem dúvida caro. Mas a experiência mais uma vez mostra que a provisão privada de saúde e de pensões é muito mais cara, essa sim ao ponto de ser insustentável.
Desmentida pela experiência, descredibilizada pela exposição das suas consequências, a Economia da idade das trevas, foi abalada nos duros dias de crise de 2008 e 2009. Mas quando a falência reemergiu como crise das finanças públicas, recobrou forças e voltou a ocupar o espaço público. Afinal, esta foi a Economia que os muitos economistas que hoje povoam os círculos do poder público e empresarial aprenderam.
Os velhos hábitos de pensamento são os últimos a morrer.
Tão incorrecto como caracterizar a contenção orçamental acelerada a partir dos riscos que encerra é presumir que os governos europeus, incluindo o nosso, adoptam a austeridade recessiva, depois de muitas insónias, só porque os mercados financeiros, o BCE e a senhora Merkel mandam. Na realidade, os ministros das finanças, os burocratas da comissão, os governadores do BCE e dos bancos centrais, autores dos planos que depois são apresentados aos chefes de governo como a alternativa única que “a ciência” determina, educados que foram na Economia da idade das trevas acreditam mesmo que a deflação salarial é o caminho mais curto para os amanhãs de equilíbrio que cantam. Podem ter alguma dificuldade em persuadir colegas que se assustam com as eventuais consequências eleitorais e sociais das sangrias violentas, mas no final têm conseguido.
A Economia da idade das trevas impede-os a todos de ver que a saída para a crise das finanças públicas devia ser procurada por outras vias. Não tinha de ser assim.
Na realidade, uma União Europeia dotada de um orçamento e de um Banco Central capaz de intervir no mercado primário da dívida soberana, capacitada com instrumentos de política económica, atenta tanto aos défices das balanças correntes como aos seus excedentes, e capaz de cuidar de uma inserção na economia global que não servisse apenas os interesses dos sectores exportadores alemães, teria outras opções que não a austeridade regressiva.
Mas uma tal União Europeia só é possível com outros agentes políticos. A Economia da idade das trevas penetrou fundo em todos os partidos do arco da governação europeia. Sacudir a sua hegemonia só é possível com uma mudança do pessoal político dentro dos partidos e com uma mudança da composição política dos parlamentos e governos.
Por isso mesmo, mais errado ainda do que presumir que os governos europeus adoptam a austeridade recessiva a contragosto é pensar que aos cidadãos nada mais resta do que consentir ou mesmo apoiar políticas que não só empurram os custos do “ajustamento” para quem menos pode e merece pagar, como são incapazes de cumprir as suas promessas. No final um Estado e uma economia mais pequenos terão mais dificuldade em fazer face ao serviço da divida. Mais tarde ou mais cedo “os mercados” não deixaram do nos castigar por isso mesmo.
A austeridade recessiva é um plano inclinado. Não deve ser apoiada nem activa, nem passivamente. Tão pouco o devem ser os seus executantes. Os limites estão a ser ultrapassados e para lá deles o que está em causa é própria possibilidade de viver livre e dignamente em sociedade.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
A derivada da função está no zero
extraído de: http://www.businessinsider.com/the-oil-peak-has-been-reached-2010-10
e ameaça tornar-se negativa, pelo que...
Os PIIGS vão ser os mais afectados pelo "oil peak"
PIIGS are the most affected
One of the groups in the OECD that will suffer most with the contraction of available oil is the one formed by those countries most dependent on oil in their energy mix, according to Luís de Sousa. "A detail must be noted - those countries in greatest difficulties will be precisely those called the PIIGS. These countries each have an oil dependence in their total energy mix of over 45%, including Greece with 58%, Portugal and Ireland with 55%, Spain with 48% and Italy with 46%. This is in contrast to the European Union average of 37%. If we add the four countries with oil dependency above the European average, but below 45%, we get a complete map of the zone where the 'undulating plateau' will have the greatest impact. Besides the PIIGS, this includes Austria (44%), Holland (42%), Belgium (41%) and Denmark (39%)."
The weakest sector for the five most vulnerable countries of the euro-zone (Portugal, Ireland, Italy, Greece and Spain) is the transport sector, particularly when road-based. "This dependency can derive from geographic location, inappropriate urban and national planning or both" says Luís de Sousa. He recommends increasing maritime and railway modes of transportation; it is not sufficient to modernize the electrical infrastructure or to encourage other sources of energy.
Read more: http://www.businessinsider.com/the-oil-peak-has-been-reached-2010-10#ixzz11QfwSggN
Ou seja, em 2011 a TEMPESTADE vai começar. Por isso segurem-se bem!
Até o FMI diz isto:
ver aqui e aqui.
Agora imaginemos isto com o auxílio da subida inevitável do preço do petróleo devido ao aumento da procura e à impossibilidade de se poder aumentar a sua extracção - pelo efeito do pico petrolífero ou "peak oil".
Os "dias de lixo"
"O que aconteceu ao primeiro-ministro islandês, que vai ser julgado pela maneira como procedeu na crise bancária que levou o país à falência, devia acontecer cá. E não me venham meter no mesmo saco toda a gente dizendo que todos são responsáveis pela situação actual, a terminar no próprio povo (na versão de Almeida Santos), que é a melhor maneira de desresponsabilizar José Sócrates e o PS. O que aconteceu desde 2008, data já caridosa e benevolente, só tem um responsável. Pode ter havido e houve muitos erros de governação, alguns dos quais de responsabilidade do PSD e do CDS (que governaram, convém não esquecer, apenas dois anos para mais de quinze do PS), mas nada se compara a esta governação subordinada à vaidade e à prepotência de um homem que não se enxerga na sua irresponsabilidade. É de facto criminoso."
Sem dúvida que é um crime que ficará sem culpados. Esta corja de gente que hoje nos governa está de malas feitas a caminho da recompensa que os espera: um lugarzito muito bem remunerado numa empresa pública ou privada.
Depois de enganarem o povo, agora podem enriquecer sossegadamente...
sábado, 2 de outubro de 2010
Trabalhos na praia
Mas, felizmente o trabalho tem corrido bem. A investigação dos sedimentos avança com múltiplos dados adquiridos em condições por vezes difíceis - como estas na praia da Almagreira:
De Almagreira28Jun2010_2 |
Aqui estávamos no limite das condições aceitáveis para recolher sedimentos em suspensão com o auxílio de uma armadilha de sedimentos.
Mas as condições de Verão na Comporta recompensaram as tarefas mais difíceis dos outros trabalhos em condições mais invernosas:
De Álbum geral |
Esta última imagem mostra os aparelhos a registarem as ondas, as correntes e a concentração de sedimentos em suspensão.
Agora estamos a tratar do volume enorme de dados e a tentar relacionar os diferentes registos. Vamos ver o que isto dá!
O Sr. Engenheiro no seu melhor!
Ele diz isto no seu "bad english" mas faz isto: http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/governo-compra-mercedes-de-141-mil-euros_1459101
A matemática dos PEC's
PEC II, em Maio de 2010.
PEC III, em Setembro de 2010.
O PEC IV é capaz de ser anunciado ainda em Dezembro de 2010.
Assim, de PEC em PEC vamos ficando cada vez mais apertados. Tenho sérias dúvidas se Portugal existirá para lá destes PECs. Talvez fosse melhor, daqui em diante, esquecer o nome de Programa de Estabilidade e Crescimento e adoptar, ao invés, o nome de Programa de Instabilidade e Decrescimento - PID. Porque com tanto corte o PIB só irá decrescer e não crescer (que infelicidade Senhor Engenheiro, tenho o coração tão apertado). Assim, matematicamente falando, até ao anúncio do PEC IV, a equação económica de Portugal será:
PEC I + PEC II + PEC III = PID
Juntando o PEC IV, será:
PEC I + PEC II + PEC III + PEC IV= PID
Na última equação o PID é a negrito porque o decrescimento do PIB será ainda mais acentuado.
Ainda falta saber o que acontecerá à evolução do preço do petróleo durante os próximos tempos.
Isto não está fácil...
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Trabalhos na praia
Estes têm corrido bem e têm mostrado quão complexa é a dinâmica sedimentar costeira. É complexa mas é natural e, de certo modo, previsível, ao contrário do género humano que é muito trapaceiro - veja-se o exemplo dos nosso políticos num dia como o de hoje (de má memória para todos os portugueses e portuguesas). Enfim, é preciso resistir a todas a vagas de erosão que se propagam sem parar...
terça-feira, 28 de setembro de 2010
A encruzilhada em que estamos metidos!
A Europa entre a austeridade e a renegociação da dívida soberana
Por Nuno Teles (publicado no jornal Público)
Nas últimas duas semanas, por coincidência, dois assuntos dominaram as páginas de economia dos jornais: a aprovação do Orçamento do Estado e a crescente dificuldade de financiamento do Estado português nos mercados de capitais. Não existe um nexo de causalidade necessário entre os dois temas, mas a sua relação é inescapável. Depois da crise em torno da dívida pública dos países do Sul da Europa em Maio, o Governo português comprometeu-se com um programa de estabilidade e crescimento, com o apoio político do PSD, que aponta para um duro caminho de austeridade (só ultrapassado, nas suas previsões draconianas, pelo plano grego). Assim, mesmo sem conhecer ainda o Orçamento, já sabemos o que nos espera: o Governo prevê uma diminuição da despesa pública em 1,3% do PIB em 2011, seguida, em 2012, por uma nova redução em 1,4% - as quais, a par do aumento dos impostos, permitiriam almejar os objectivos de contenção do défice em 3% do PIB e diminuição da dívida pública. Os cortes são, e terão de ser, cegos: na despesa social, no investimento público, nos salários, etc.
As imposições externas, somadas ao estranho quase-consenso público nacional, tornam este programa económico uma inevitabilidade, que se reflectirá certamente na aprovação do próximo Orçamento. Porém, o mais recente relatório do RMF (Research on Money and Finance), coordenado por Costas Lapavitsas, aponta para a insustentabilidade desta trajectória e fornece algumas pistas para a sua superação.
O problema do crescente endividamento externo português (213% do PIB), juntamente com as trajectórias paralelas da Grécia e da Espanha, deveu-se à sistemática perda de competitividade destes países face às maiores economias europeias, no quadro de uma moeda única cuja política é determinada por estas últimas. No contexto de um Banco Central Europeu obcecado com o combate à inflação em detrimento do crescimento, de um pacto de estabilidade e crescimento que impede qualquer esforço público concertado de reconversão das economias e de ausência de mecanismos de redistribuição europeia promotores da coesão, os países com economias mais robustas, como a Alemanha - direccionadas para o mercado externo, com taxas de inflação mais baixas e uma força de trabalho disposta, por razões várias, à perda continuada de poder de compra -, ganharam competitividade em relação às economias periféricas. O resultado foi o crescente endividamento externo de economias como a portuguesa - endividamento esse que, ao contrário do que se possa pensar quando se lê a opinião publicada, tem vindo a ser assumido principalmente pelo sector privado (empresas e famílias, sobretudo as primeiras). 85% da dívida total (interna e externa) actual corresponde ao endividamento do sector privado.
No entanto, em face da recente crise financeira e da fragilidade e volatilidade dos mercados financeiros que lhe têm estado associadas, esta situação possui um reverso da medalha. Os bancos europeus encontram-se fortemente expostos à dívida dos países do Sul: 100 mil milhões de euros, no que se refere a Portugal, e 600 mil milhões, no caso de Espanha. Estas valores são quase tão avultados quanto o montante mobilizado pela UE e pelo FMI para a criação do obscuro fundo de estabilização financeiro que foi anunciado em Maio. Mais grave do que isso é o facto de os bancos se encontrarem confrontados com uma enorme dificuldade em recorrer ao financiamento através de depósitos (a diferença entre a Euribor e as taxas oferecidas nos depósitos foi mesmo negativa durante o segundo semestre de 2009) e com um problema de escassez de dólares (saliente na abertura de linhas de crédito por parte da Reserva Federal norte-americana). No caso português, esta fragilidade traduziu-se mesmo na impossibilidade de recurso ao financiamento nos mercados de capitais, estando os bancos portugueses quase limitados aos empréstimos do BCE. O juro baixo cobrado pelo BCE permite à banca portuguesa realizar margens extraordinárias através dos juros cobrados nos créditos que concede. No entanto, os empréstimos do BCE têm um carácter de curto prazo, o que torna os bancos vulneráveis a eventuais mudanças de política.
No contexto de uma austeridade alargada a todo o espaço europeu e de uma economia mundial dominada pela incerteza e pela possibilidade de um nova recessão, as previsões por parte do Governo português de uma retoma apoiada nas exportações que contrabalance os recessivos cortes públicos parecem, no mínimo, inverosímeis. O resultado será, pois, uma nova recessão e um novo aumento do desemprego, sem que os problemas de dívida pública, em termos relativos face ao PIB, se atenuem. Se a actual volatilidade especulativa nos mercados financeiros se mantiver, a perspectiva de uma reestruturação da dívida pública (a variável politicamente mais saliente no endividamento total) parece inevitável. Este processo será liderado pela Grécia. No entanto, graças ao contágio dos mercados financeiros, depressa afectará o nosso país. Vale assim a pena pensar, num momento em que os países do Sul detêm o poder de negociação sobre os bancos do Norte, em iniciar um processo de reescalonamento transparente da dívida. Este começaria por uma auditoria à dívida pública, seguida de uma renegociação que imponha condições favoráveis aos países devedores. A perspectiva da desagregação da zona euro é, neste cenário, provável. Se tal cenário acarreta riscos, a combinação da desvalorização cambial com a instituição de controlos de capitais e com o controlo público do sistema financeiro poderia permitir uma política industrial capaz de nos tirar da crise que se arrasta há mais de uma década. O cenário contrário será o de uma reestruturação da dívida liderada pelos credores, com as mesmas receitas de sempre: mais austeridade, mais recessão e mais desemprego. Até quando?
Economista, membro do grupo de investigação Research on Money and Finance (www.researchonmoneyandfinance.org)
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Época dos furacões no Atlântico
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
O drama das economias periféricas do euro
por João Rodrigues, Publicado em 13 de Setembro de 2010 no jornal i |
Às periferias europeias resta usarem uma das armas dos fracos: renegociar a sua dívida, partilhando os custos dos ajustamentos com os bancos dos países centrais
As férias dos especuladores, dos que vivem da compra e venda de activos financeiros, tendo como fito o aproveitamento da variação dos preços e a expropriação financeira dos mais fracos, também acabaram. Portugal regressa ao turbilhão dos mercados da dívida pública: os juros da dívida pública portuguesa atingiram o valor mais elevado desde a irresponsável instituição de um euro sem governo económico e sem um banco central digno desse nome.
Na convenção PIGS que se formou nos mercados financeiros internacionais, o i de Irlanda, antes tão incensado pelos economistas neoliberais devido às suas políticas de austeridade, é agora, a par do g de Grécia, o contagioso elo mais fraco. Ao contrário do que diz a fraude económica, as políticas de austeridade, com cortes na despesa e aumentos regressivos de impostos, acrescentam crise à crise da procura, a origem do desemprego de massas, e alimentam todas as profecias auto-realizadoras dos especuladores.
A zona euro não tinha de se esfarelar assim. Atentem no Japão: um país com uma dívida pública sem precedentes, que representa 227% do seu PIB, consequência da oscilação, que dura há mais de uma década, entre recessão e estagnação, depois do rebentamento de uma bolha imobiliária causada pela liberalização do sistema financeiro. Apesar dessa dívida, o Japão não tem problemas de financiamento, porque tem um banco central que faz o que é tão necessário como escandalosamente simples: detém metade da dívida pública do país, imprimindo moeda para a adquirir e devolvendo os juros ao governo. Os países verdadeiramente soberanos podem fazer coisas semelhantes: do Canadá ao Reino Unido, passando pelos EUA.
O horror da inflação! Já ouço os gritos dos economistas que vivem numa bolha académica feita de agentes omniscientes e de mercados auto- -regulados. Onde está a inflação no Japão? Onde? Na Europa ou no Japão, aliás, o problema é a deflação e os seus efeitos perversos: aumento do fardo real da dívida e destruição da capacidade produtiva. As transferências financeiras para os Estados europeus com problemas, por outro lado, são escandalosamente pequenas para uma região que partilha a mesma moeda. A tragédia da zona euro é que, graças aos tratados bizarros, inspirados nos ainda mais bizarros modelos económicos, o BCE só pode salvar o euro se agir na linha do teórico protofascista alemão Carl Schmitt: soberano é aquele que define a excepção à regra.
Sem poderem imprimir moeda e sem o mecanismo de desvalorização cambial, numa União que parece um FMI na América Latina, resta às periferias europeias usarem uma das armas dos fracos, como é defendido num novo relatório do Research on Money and Finance (www.researchonmoneyandfinance.org): renegociarem a sua dívida, partilhando os custos do ajustamento com os bancos dos países centrais. Para resultar, este processo tem de ser organizado por iniciativa dos devedores. Caso contrário, vão ser os credores a ditar as regras do jogo. Preparemo-nos: a luta política é a única variável económica que pode alterar as coisas.
Economista, Centro de Estudos Sociais
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Agosto de 2010 foi quente e seco, segundo o IM
Na continuidade de Julho, o estado do tempo no mês de Agosto foi caracterizado por tempo quente e pela persistência de temperaturas elevadas, muito devido à influência de uma corrente de Leste que transportou na sua circulação uma massa de ar quente e seco.
O mês de Agosto caracterizou-se por valores médios da temperatura do ar, máxima, média e mínima, bastante superiores aos respectivos valores normais 1971-2000 em todo o território do Continente, com anomalias de +3.0ºC, +2.3ºC e +1.5ºC respectivamente.
O valor médio da temperatura máxima do ar para este mês foi 31.8ºC, o que equivale ao 2º valor mais alto desde 1931, apenas ultrapassado pelos 32.2ºC, registados em 2003. O valor da temperatura média do ar foi também bastante elevado, 24.4ºC, é o 3º valor mais alto desde 1931, sendo ultrapassado apenas por 2003 (25.1ºC) e 1949 (24.5ºC). Quanto ao valor médio da temperatura mínima do ar foi o 4º valor mais elevado desde 1931 com 17.0ºC.
O número de dias com temperatura máxima do ar igual ou superior a 30ºC, no Continente, foi de 21 dias (superior ao valor médio 1971-2000, de 12 dias). O número de dias com temperatura máxima do ar igual ou superior a 35ºC também foi muito elevado, destacando-se algumas das estações meteorológicas do interior do Alentejo com mais de 20 dias, Amareleja (25), Portel (24), Elvas e Reguengos (22), Mértola e Neves Corvo (21). Foram também registados dias de temperatura máxima do ar superior ou igual a 40ºC, designadamente nas estações meteorológicas de Amareleja e Portel (9 dias).
O número de noites tropicais (dias de temperatura mínima do ar superior a 20ºC) observado nas estações meteorológicas também foi bastante elevado, destacando-se Faro com 27 e Castro Marim com 23 dias.
Entre o dia 3 e 11 deste mês ocorreu uma onda de calor registada nalgumas estações meteorológicas.
O mês de Agosto de 2010 foi o mais seco dos últimos 23 anos, com uma anomalia de -12.5mm em relação ao valor da normal 1971-2000, classificando-se como um mês muito seco a seco em quase todo o País.
Setembro será quente e seco
Pelo menos até meados de Setembro o tempo será seco e quente. Será um prolongamento do calor de Agosto, embora menos acentuado.
domingo, 5 de setembro de 2010
sábado, 4 de setembro de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Verão 2010
Este terá sido um Verão muito quente em Portugal Continental. Agora que o Atlântico Norte mostra os primeiros sinais outonais vamos ver o que irá acontecer com a chegada em força das primeiras chuvas. Para os próximos dias já estão previstas fortes trovoadas no interior norte e centro do continente. Será que a elevada quantidade de partículas em suspensão na atmosfera, devido aos intensos fogos que têm lavrado pelo país, irão ter alguma influência na ocorrência de eventuais trombas de água?