segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Dezoito de Fevereiro, Lisboa

Mais um dia que fica na memória dos habitantes da região de Lisboa por motivos meteorológicos. Uma associação de vários factores permitiu que chovesse em Lisboa entre as 4 e as 5 da madrugada deste dia 18 de Fevereiro qualquer coisa como 35 litros de água por metro quadrado! É um valor muito elevado, segundo os meteorologistas, mas não é um recorde e não está associado a uma situação meteorológica severa (daquelas relacionadas com baixas pressões muito cavadas que atingem o noroeste da Península Ibérica). De facto, as situações de elevada precipitação mais comuns são muito previsíveis. Desta vez esta chuva caiu intensamente (e em muito pouco tempo) devido à presença de uma baixa pressão, pouco cavada, que se instalou ao largo da costa portuguesa. Em resultado da circulação em torno desta baixa pressão o vale inferior do Tejo foi invadido por uma massa de ar relativamente quente e bem carregada de água. Esta massa de ar acabou por atingir a zona urbana de Lisboa na madrugada do dia 18 e descarregou muita água sobre a cidade. Terá este efeito sido ampliado pela presença de grande quantidade de poeiras e poluentes atmosféricos? Talvez este aspecto possa explicar este fenómeno. De facto, se olharmos para a imagem de satélite de hoje vemos que uma enorme concentração de nuvens (zona branca) sobre o vale inferior do Tejo.

18 Fev 2008
Imagem, 18 de Fevereiro, 5:00 "copyright 2008 EUMETSAT"

18 Fev 2008
Imagem, 18 de Fevereiro, 11:00 "copyright 2008 EUMETSAT"




A imagem animada (que não é visível aqui) dá a ideia de que esta nebulosidade “ganha forma” nesta região e que não vem totalmente formada do Atlântico. Aliás, ainda ontem, o céu sobre Lisboa estava menos carregado na linha do horizonte nos quadrantes SE, S e SW, dando a ideia de que as nuvens se “formavam sobre a cidade”. Hoje, este fenómeno de “linha do horizonte menos carregada” repetiu-se após o meio-dia.
Será que este fenómeno foi ampliado pelas condições climáticas locais (embora possa ter sido induzido pelas alterações globais)? Não se sabe. No entanto quem experimentou sair de casa hoje de manhã teve sérias dificuldades em se deslocar. A pé, usando galochas e transportes públicos foi a melhor solução. O automóvel particular foi a pior opção.

Depois da tempestade vem a bonança. Mas fica no ar esta questão pertinente: Alguém ainda tem dúvidas acerca do mal que estamos a fazer ao clima da Terra?
O ordenamento das cidades com a implantação de boas redes de transportes públicos não poluentes poderia evitar muitas emissões de partículas nocivas para a atmosfera. Para quando estas medidas para Lisboa?
Só uma nota final: a zona do largo do Rato em Lisboa, por volta das 13 horas, apresentava um trânsito reduzido. Mais parecia um dia de Domingo. A retenção de automóveis à entrada de Lisboa contribuiu para este efeito positivo. Menos carros e menos poluição no centro e, portanto, mais espaço para circular, mesmo a pé!

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