sexta-feira, 9 de março de 2007
Taxa de juro
A taxa de juro dos empréstimos sobe quase todos os dias de milésima em milésima percentual. Ao fim de seis meses o efeito é brutal sobre o débil orçamento familiar.
O preço do dinheiro está aos poucos a liquidar o valor do rendimento do trabalho. A juntar a este facto há ainda o efeito do congelamento salarial que se arrasta há vários anos e promete continuar por muitos mais.
Por detrás deste cenário real pululam os negócios especulativos, as contratações sem lei e o aumento ilícito das horas de trabalho.
Agora Portugal está amarrado ao euro e não tem mecanismos internos de defesa contra aquilo que nos é imposto de fora. Nos tempos do escudo podíamos sempre ter mais dinheiro na carteira porque a desvalorização da moeda cobria o nosso deficit de produtividade.
Foi com esta ideia em mente que me dirigi à dependência bancária onde está domiciliado o meu empréstimo. A conversa com o gerente foi ao princípio um pouco tensa, porque o meu pedido de correcção para baixo do valor do “spread” do juro já tinha sido feito há mais de seis meses. “Spread”, a palavra terrível que significa aquilo que os bancos ganham para além do lucro que habitualmente têm com a taxa de juro! Depois de tantos meses sem ter uma resposta ao meu pedido, tive que ser um pouco mais firme a defender as minhas posições: “Sabe que o problema é que a taxa de juro não pára de subir e quando chegar aos 5 % vou ter que emigrar ou arranjar mais um emprego”. A resposta veio logo de seguida: “Acha que sim? Se continuar a subir deste modo a economia deixa de funcionar. Se reparar a subida já não está a ser tão rápida”. De facto, é com uma estranha ligeireza que esta malta dos bancos olha para esta forte subida da taxa de juro que nos ameaça o orçamento. É fácil de saber porquê! Actualmente a sociedade capitalista funciona em pleno e por isso vivemos num mundo cheio de oportunidades para quem tem dinheiro e tem a arte de saber onde o colocar a render. Rendimentos do trabalho? O que é isso? Isso dá para quê? Não dá para nada e ainda por cima temos a chatice de ter que preencher todos os anos a folha do IRS!
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1 comentário:
Nem me digas nada... Neste momento já nem me chega o normal vencimento... E eu trabalho todos os dias, cinco dias por semana... Se não tiver mais um concerto, ou umas gravações aqui e ali a coisa fica preta... Maldito capitalismo, a enriquecer a meia dúzia à conta da escravidão alheia... O triunfo da esperteza...
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